Hoje a conversa é com a Mariana, uma mãe de gémeos que podia ser minha minha “gémea”.
A Mariana teve gémeos “fora de casa” (a Mariana é do Porto mas vive na Grande Maçã :)) a Matilde e o Tomás (familiar?;) ), têm um ano e são uns bebés muito queridos!
Leiam a nossa conversa, vale a pena.
Beijinhos
Aos Pares: O que é para ti ser mãe de gémeos?
M: É ser desenrascada e organizada. É admitir que não somos omnipresentes e que, por mais que queiramos, eles também vão ter de ser desenrascados e não vamos conseguir protegê-los sempre e a toda a hora. É estar constantemente perdida de riso com os disparates e a cumplicidade dos dois. É ficar maravilhada com a natureza humana, como é possível dois seres, nascidos dos mesmos pais, no mesmo minuto, serem tão diferentes, física, psicológica e emocionalmente. É ver o amor que sentem um pelo outro crescer para além do amor pelos pais e ficar com o coração cheio ao constatar essa realidade.
Aos Pares: Qual a tua reação quando soubeste que estavas grávida de gémeos?
M: Não acreditei. Eu só soube que estava grávida de gémeos na segunda ecografia, às 9 semanas. Tinha feito uma ecografia três semanas antes e estava lá só um bebé. A minha médica, apesar de vivermos em NY, é brasileira e teve bastante piada. Mal pôs a sonda disse: “Ué, tem dois?!?!”. A minha resposta foi imediata: “Dois quê?”. Passou-me tudo pela cabeça excepto dois bebés. Achei que me estava a comunicar uma coisa engraçada tipo dois umbigos ou coisa do género. Só respondia: “oh, diga lá. Não brinque comigo” e ela lá continuava muito cómica “tem, tem, oh, um, dois – a apontar para o monitor, dois nenéns”. Ria-se como uma perdida tal era a minha incredulidade. Nunca mais me vou esquecer. Mas passado dois minutos, a choque passou e fiquei híper feliz. Sinceramente, acho que nasci para ser mãe de gémeos.
Aos Pares: A tua gravidez correu bem? Alguma recomendação para as grávidas?
M: À excepção de 3 semanas de enjoos de que prefiro nem me lembrar, onde não conseguia sequer sair da cama, só comia torradas de pão de forma com compota e Philadelphia e em que disse muito mal da minha vida, a minha gravidez foi santa. Tive muita sorte. Fiz duas mudanças de casa pelo meio (uma quando achávamos que era só um bebé e outra quando percebemos que eram dois e afinal não íamos caber na casa ☺), fiz km de bicicleta e mantive-me muito ágil mesmo até ao fim. Tive realmente muita sorte! A minha maior recomendação são quilos de Tums (acho que cá equivale ao Kompensan) para a azia da qual morri nos últimos quatro meses e andar muito, mas muito a pé. É um bom exercício que faz bem ao bebé, ajuda a manter alguma forma e, sobretudo, melhora imenso a circulação que na gravidez pode ser um grande problema.
Aos Pares: O que levar na mala de maternidade?
M: Uma camisa de noite ou pijama decentes: sou demasiado descontraída, não me preocupei com isso e esqueci-me, acabei a dormir com uma t-shirt do meu marido e hoje em dia olho para trás e sinto-me ridícula e desmazelada nas fotografias daqueles dias no hospital. Tenho pena.
Aos Pares: Quais são as tuas rotinas diárias como mãe e mulher?
M: ui…. A minha vida, a minha sobrevivência, são rotinas. Acordo com eles às 7:30 (são melhores que o despertador, certinhos e não dá para fazer snooze). Levanto-me, preparo-lhes o leite que bebem na cama enquanto leio os emails todos dessa manha para apagar eventuais fogos (trabalho muito com a Europa onde já vai tudo 5/6 horas à frente). Tiro-os da cama, visto-os, arrumo o quarto deles e vou acordar o meu marido que brinca um bocadinho com eles enquanto me arranjo rapidamente. Depois preparo o pequeno-almoço para nós, o único momento do dia que podemos aproveitar juntos, e umas torradas para os miúdos (viciados em pão) e estamos aqueles 20 minutos todos em família. É tão bom!
Como estamos em NY, eu tenho o meu escritório em casa e consegui conciliar bem o trabalho e os gémeos, por isso estiveram só comigo, em casa, até fazerem um ano e três meses. Depois disso, tornou-se impossível, pelo que recorremos a uma nanny portuguesa. Assim sendo, hoje em dia, por volta das 9:00 o Fernando sai para trabalhar e os miúdos saem também com a nanny para brincar ou participar em aulinhas de música e outras actividades didátcicas enquanto eu estou já sentada ao computador a trabalhar. Os almoços e os jantares são todos decididos e preparados na noite anterior para ser super rápido na altura. Faço questão de ser sempre eu que lhos dou. Eles ainda fazem uma sesta de uma hora e meia de manhã e outra igual depois do almoço, o que facilita muito as coisas. A partir das 16:00 paro de trabalhar, dou-lhes o lanche e saio com eles para aproveitar o dia, brincar no parque, dar uma volta de bicicleta, ir ao supermercado e tratar de matar a lista de ToDos que parece sempre interminável. Às 18:30 banho, às 19:00 jantar e às 19:30 lavar dentes, rezar e cama. A esta hora preparo o que for preciso para o dia seguinte (roupa, refeições, etc) e volto para o escritório para acabar o dia de trabalho. Vou para a cama por volta da meia-noite, 10 minutos de leitura e, pumbas, caio redonda, em segundos, mas com sentimento de dever cumprido.
Aos Pares: Qual o papel do Pai aí em casa?
M: O pai trabalha muito, demasiado. Dorme muito pouco, chega a casa de madrugada e acaba por só estar presente durante o pequeno-almoço e aos Sábados, o único dia em que normalmente não trabalha. Todos os outros momentos são passados no escritório por isso é muito importante que o papel dele seja um papel divertido e que permita criar empatia com os miúdos. Graças a Deus, ele é uma pessoa que irradia bom humor e boa disposição e, por isso, traz um óptimo ambiente a nossa casa e à nossa família. Está sempre de sorriso na cara.
Aos Pares: Qual o episódio mais divertido e o mais caricato que tiveste com os teus filhos?
M: Acho que quando se tem gémeos, todos os dias acontece alguma coisa caricata ou divertida. Eles, juntos, fazem tantas asneiras, puxam um pelo outro na palhaçada e divertem-se imenso. As conversas intermináveis num dialecto inventado por eles e que só eles percebem, as coisas mirabolantes que se lembram de fazer, os recantos da casa perdidos que conseguem descobrir, o tentar fazer oito malas para ir a Portugal com os dois a tirar e revirar tudo o que lá ponho, tudo isto, o dia-a-da, são episódios dignos de estourar com a capacidade de memória de qualquer iPhone.
Aos Pares: Qual o maior susto que apanhaste como Mãe?
M: Acho que foi com o Tomás, quando tinha 7 meses e gatinhava pela casa fora. Estava a mudar a fralda à Matilde e ouvi um grande estrondo. Nas suas explorações, empurrou com um pé a base de um espelho grande que tinha encostado a parede o qual não lhe caiu em cima porque, como diz o outro, “ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo”. Como eu não estava a ver e só ouvi o barulho do espelho a cair no chão, os vidros partidos e ele a chorar, fez-me imensa impressão não saber o que aconteceu e não haver quem mo contasse. Felizmente parece que caiu mesmo ao lado e nem com um arranhão ficou.
Aos Pares: És preocupada com a roupa dos teus filhos? Qual a tua loja preferida?
M: Ao contrário do que acontece comigo, com os meus filhos sou um bocadinho preocupada. Não necessariamente pelas marcas ou tipo de roupa que vestem, podem andar de fralda, mas a fralda de um tem de ser igual ou combinar com a do outro. Eu tenho uma ligeira OCD, por isso não consigo olhar para os gémeos se não estiverem vestidos de igual (acontece com várias coisas, sou maluca por organização e simetria). Chego a trocar um se o outro se sujar só para não ficarem diferentes (ups…).
Mas comprar roupa de bebés dá sempre bastante gozo e normalmente escolho Zippy, Coobie e Oshkosh para o dia-a-dia e DOT, Maria Bianca e Laranjinha, ou até roupa feita à medida, para ocasiões mais especiais. Compro tudo em Portugal, as roupas de bebé nos USA não são fantásticas, só dá mesmo para básicos (e oshkosh, claro).
Aos Pares: Qual o teu maior desejo e o teu maior medo como mãe?
M: Como qualquer mãe, quero, acima de tudo, que cresçam saudáveis e felizes. Gostava muito e esforço-me para que venham a ser pessoas com bom coração, amigas dos seus amigos, dedicadas e agradecidas à vida, lutadoras e com carácter. Acho isso muito importante. O resto, o futuro o dirá, cada um seguirá o seu caminho e eu estarei aqui para os apoiar no que for necessário. Em relação aos medos… acho que nunca pensei muito nisso até agora. Desde que descobri que estou grávida do terceiro (sim, é só um ☺ !), que dou por mim a pensar no que irá acontecer à dinâmica familiar quando o bebé nascer. Será que os gémeos se vão sentir trocados ou abandonados, será que vão ser amigos do irmão/irmã, será que vou saber lidar com a reacção deles? Mas acredito que irmãos é um dos melhores presentes que a vida nos pode dar, por isso tenho a certeza que tudo vai correr pelo melhor e que todos os desafios serão ultrapassados.
Aos Pares: Os filhos dão-nos muitas alegrias, qual a maior que tiveste?
M: Desde que descobri que estava grávida que tem vindo a ser um crescendo de alegrias. Primeiro a própria descoberta, depois o perceber que eram gémeos, depois, e evidentemente, o dia do nascimento deles… desde então, cada conquista deles é uma alegria no meu coração. Têm um ano e oito meses e já me transformaram mais do que todos os outros 28 anos da minha vida. Aprendo com eles todos os dias e dou graças a Deus por serem saudáveis e, aparentemente, muito felizes. Um filho é uma bênção.
Aos Pares: Recomendações pós-parto?
M: Para o corpo, fazer muitos, muitos, muitos abdominais (aquelas maquinetas que tremem são um sonho, rápidas e eficazes). Para a alma, não viver a vida à volta dos filhos mas inserir os filhos na nossa vida. Claro que é preciso adaptação (muita), não estou a dizer para levar as crianças para uma discoteca só porque nos apetece continuar com a nossa vida como se nada fosse, mas o espírito descontraído de NY e o viver fora, sozinha, com eles, ajudou-me a perceber que há muito que eles podem fazer connosco e que podemos manter alguma sanidade mental se relativizarmos e percebermos que eles não são de porcelana.
Aos Pares: Quais as roupas que recomendas às grávidas?
M: Eu sou uma vergonha com roupa, não sou digna de recomendar nada a ninguém. Andei meia gravidez com as calças abertas e uma espécie de cinta por cima para as segurar e outra meia com o único par de calças de ganga de grávida que comprei. Isso acho imprescindível, mas no fim já andavam sozinhas…
Aos Pares: Vives em NY, que recomendações dás a quem tem gémeos longe da família?
M: Criar um grupo no whatsapp com toda a gente que está longe e quer ter notícias dos bebés em primeira mão, mesmo que não se conheçam entre si. Assim, de uma vez só, ficam todos os interessados informados com fotografias, filmes, comentários e historias engraçadas. E nós poupamos IMENSO tempo, o qual, com gémeos, é precioso.
Aos Pares: Férias com fihos, o que recomendas?
M: Acho que isso depende mais dos pais do que dos filhos. Eu e o Fernando somos muito descontraídos e relaxados e fazemos tudo com os miúdos. Já foram em roadtrips, já fizeram férias de praia, de piscina, de cidade, de campo… já viajaram de carro, de comboio, de avião, de bicicleta. Acredito mesmo que se os pais estiverem confortáveis, os filhos também vão estar.
Aos Pares: Alguma dica para quem vai viajar de avião com filhos pequenos?
M: ui, milhares. Podia escrever um livro, já fizemos 13 voos desde que nasceram. Mas a mais importante, PACIÊNCIA, MUITA PACIÊNCIA. Se nós, adultos, ficamos fartos de estar 8 horas numa caixinha de fósforos, imagina miúdos de 1, 2, 3 anos…. coitadinhos. É pedir desculpa às pessoas à volta, tentar controlá-los e distraí-los como possível, levantar e fugir para o corredor sempre que estejam fora de controlo e esperar que a viagem acabe o mais depressa possível. Mas, mais uma vez, depende dos miúdos. Há uns muito fáceis, distraem-se com um telemóvel durante horas, há uns impossíveis, nem com malabarismo. Os meus puxam muito um pelo outro, gostam de explorar tudo e ligam zero a telemóveis e o ipads (bom no dia a dia, mau nas viagens). Conclusão, cada viagem vai sendo mais difícil que a anterior. Com um mês foi canja. Esta ultima, há duas semanas, foi um desastre.
Aos Pares: Essencial no saco dos teus filhos para a praia ou piscina?
M: Braçadeiras, pó de talco para tirar a areia, fatos de banho extra, água, coelhinho e “pepé” para fazerem as sestas na praia e caixinhas com coisas dentro para abrir e fechar, pôr e tirar, o brinquedo preferido dos dois.
Aos Pares: Essencial na mala de uma mãe para as férias?
M: TUDO! Levo a casa às costas.
Aos Pares: Com idade levaste a primeira vez os teus filhos à praia?
M: Mal tive oportunidade. Como nasceram em Novembro, só foram com 6 meses. Um sonho. Dormiam o dia todo debaixo do guarda-sol, não se ouviam, não se mexiam. Melhor idade!
Aos Pares: Recomendações para umas férias em família?
M: Locais onde os pais estejam confortáveis e à vontade. Tentar manter as rotinas o mais possível mas com alguma flexibilidade (horas da sesta, horas das refeições, encadeamento dos acontecimentos do dia). Quanto mais dentro da rotina eles estiverem, mais “em casa” se vão sentir e melhor vai ser a adaptação. Eu tento fazer tudo igual, só que em sítios diferentes. Em vez de fazerem as sestas na cama, fazem no carrinho, em vez de comerem na cadeira da papa refeições preparadas em casa, comem no chão e o que houver, em vez de brincarem com os seus brinquedos, brincam com o que aparecer à frente, etc.
Aos Pares: Ser mãe de gémeos é…
M: … ter Natal em casa todos os dias!!!
Obrigada! <3
12 Comentários
Sandrine
É tão bom ler as histórias de outras mães de gémeos e reconhecer-mo-nos nas suas palavras, afinal não acontece apenas comigo! Parabéns Marina pela nova visita da cegonha…eu tive uma da primeira vez e na volta da cegonha fiquei com mais duas! É cansativo mas muito bom vê-los crescer!
Mariana Seara Cardoso
Sem dúvida! <3
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