A realidade da infertilidade!

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A realidade da infertilidade!

Há muitas mulheres que não conseguem engravidar e isso é um problema bem ativo na nossa sociedade. À minha volta há vários casos e com o blog tenho conhecido muitos mais. Todas as semanas recebo mensagens, desabafos, partilhas de mulheres que passam por este “problema” de não conseguir engravidar.

Tento ajudar da minha forma e vou partilhando por aqui alguns dados que vou conhecendo, para complementar. Nessas mensagens, conheci a Cegonha Perneta, um pássaro desengonçado que aborda a realidade da (in)fertilidade!

Espero que seja útil para todas as mulheres que passam por isto.

Mandem a quem achem que pode ajudar e fazer sentido.

Um beijinho!

A CEGONHA PERNETA

A cegonha é um pássaro grande e desengonçado. Lembra-me ideais de liberdade, de imprevisibilidade, de “quando tiver de ser”. São migrantes. Nem sempre estão onde gostaríamos que estivessem. Criei a página da cegonha perneta como projecto-embrião que pretende dar voz à (in)fertilidade e a todos aqueles, que como nós, só repararam em pleno voo que a sua cegonha trazia um embrulho cheio de paciência.

A infertilidade bateu-nos à porta e foi entrando de forma sorrateira. Não nos apercebemos logo que ela estava ali e que já se tinha acomodado.

Para uma grande percentagem das mulheres a maternidade é um projecto de vida. Por ser um projecto tão querido, não houve ano em que não questionasse em silêncio “Poderei eu ter filhos?” Tinha medo da resposta. Diagnosticaram-me ovários poliquísticos aos 15 anos. Quis saber se influenciariam os meus planos. As respostas sempre foram vagas. Pesquisei, falei com amigos médicos, cresci e conheci amigas, com o mesmo problema, que engravidaram rapidamente. Fui relaxando e decidi deixar o universo trabalhar. Esse universo que é perito em dar-me lições, mas lições cheias de oportunidade e sabedoria.

Casei. E com um casamento feliz veio a vontade de sermos pais. Exames de rotina, pílula no lixo e que comece a viagem. Passou um mês, dois, três e todos traziam a desilusão do negativo. Ao final de um ano decidimos investigar. A minha situação dificultava a concepção natural mas à partida não a impedia e antes de avançarmos para tratamentos ou exames mais invasivos, investigamos o meu marido. Oligozoospermia severa e Teratozoospermia moderada. OligoTerato…quê?? O telefone tocou e com ele a notícia de que havia um quadro de infertilidade masculina. Poucos espermatozóides e 0% de capacidade de progressão rápida. De imediato indicaram-nos para ICSI (micro-injecção inter-citoplasmática). Pedimos várias opiniões a especialistas. Avaliamos os tempos de espera no Serviço Nacional de Saúde, para um primeiro tratamento, se tudo corresse bem, teríamos de aguardar sensivelmente 1 ano. 1 ano numa luta a braço de ferro com a idade. Ainda somos novos e classificados com um Bom grande no mundo da Fertilização in Vitro, mas sabemos que o tempo é rei e senhor e que a fertilidade da mulher entra numa curva grave e decrescente após os 35.

Pusemos as cartas em cima da mesa. Fizemos contas. Definimos prioridades. Adiamos viagens, jantares e evoluções na carreira e decidimos avançar para o privado.

Desde então não há dia que não pense na sorte que temos por podermos pagar, um tratamento que seja, no privado. Os valores andam entre os 4000€ e 5000€ por um tratamento que pode não dar certo.

Dizia-me o Professor que dirige a clínica onde estamos a ser acompanhados: “Os tratamentos para a infertilidade são praticamente indolores. Só custa do pescoço para cima.”
Só custa do pescoço para cima e tanto que custa. E quanto custará a um casal que não pode recorrer ao privado? Quanto custará a um casal que vai riscando as oportunidades do SNS porque não deram certo e porque há limite para o número de tratamentos? Quanto custará a quem recorreu ao público, investiu tudo o que tinha e viu-se sem dinheiro e sem esperança?

Para um casal que lida com a infertilidade, a vida tem tendência a fragmentar-se em duas partes. A parte do mês que aguarda a ovulação após o início do ciclo e regra geral, os 14 dias seguintes e que antecedem o teste de gravidez em busca de um milagroso positivo.

Quando o caminho são a Procriação Medicamente Assistida, rapidamente se aprende e domina todas as siglas, as IIU (inseminação intra-uterina), as FIV (fertilização in vitro), as ICSI (micro-injecção intra-citoplasmática), as TEC (transferência de embrião congelado) e se entra num labirinto em busca do ansiado positivo que se transforme numa gravidez a termo.

É difícil “viver vivendo” ao invés de “viver esperando”.

A produtividade no trabalho cai e sobem os níveis de ansiedade, as crises de irritabilidade e muitas vezes a desilusão.

Falamos de um caso de saúde pública sob o olhar da Organização Mundial de Saúde. Falamos de 10 a 15% da população Portuguesa em idade reprodutiva que de forma natural não consegue conceber um filho. Falamos de um país envelhecido. Falamos de uma doença que luta a braço de ferro contra a idade. Falamos de uma grande franja da população que não conseguirá recorrer ao privado. Falamos de famílias esgotadas financeira e sobretudo emocionalmente.

É importante estarmos conscientes e fazermos o que estiver ao nosso alcance em direcção à mudança.

O tema é controverso e muitas vezes gera sentimentos de vergonha. O assunto não tem de ser tabu. Calar não o faz desaparecer. Considero que o primeiro passo é aceitar e depois acreditar. Acreditar muito!

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Obrigada.

À conversa com um pai de gémeos - Tiago Reis Silva!
À conversa com a Psicóloga Benedita Moutinho – 6
7 Comentários
  • carla

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    Como eu me revejo nestas palavras, por sorte ao terceiro tratamento, vieram duas estrelinhas… mas com muito desgaste físico psicológico e monetário.

    • Mariana Seara Cardoso

      Um beijinho!

  • Isabel

    Responder

    Eu também sofri de infertilidade cerca de 14 anos…Consegui o meu casal de gémeos á 3ª ICSI…Um grande desgaste fisico, monetário e principalmente psicológico! Porque a Infertilidade não se esquece…Uma realidade que afecta muitos casais. Mas graças á Tecnologia e á ciência muitos casais conseguiram realizar o seu sonho. Outros seguiram por outros caminhos da Adopção. Boa sorte a todos!!!

  • Ana Marques

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    Eu posso dizer que sou um caso de sucesso. Ao fim de 2 anos de tentativas fomos encaminhados para as consultas de esterelidade. Muitos exames e um diagnóstico de trompas obstruídas e alguma lentidão por parte dos espermatozóides. Primeiro uma iiu cancelada por hiperestimulacao e passados 5 meses uma Fiv. A minha primeira Fiv e gémeos. Sou mãe há 3 meses de 2 meninos.

  • Ana

    Responder

    Felizmente em 2013 chegou a Portugal o Sistema FertilityCare e a NaPROTECHNOLOGY que pretendem ajudar os casais a perceberem realmente o seu problema de infertilidade e a partir daí corrigir e ajudar a atingir uma concepção naturalmente. Já foi criado um site no qual podem aprofundar mais e c contactos caso tenham dúvidas ou queiram contactar a equipa de instrutoras e médicas. http://Www.fertilitycare.pt

  • Andreia Mendes

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    Eu nao sei como sempre senti que não iria ter filhos a fim de três anos de espera e de muitos exames veio o tão temido diagnóstico. Sempre no privado a gastar muito dinheiro e a entrar em depressão o casamento a ir por agua abaixo uma carreira suspensa até que decidimos comecar outra luta a da adoção

  • Ana Novais

    Responder

    Boa tarde!

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