A primeira entrevista é com uma mãe de gémeos que conheci com o blog: a Sofia Tavares. Logo simpatizei com as suas intervenções e simpatia.
A Sofia tem 40 anos, 2 filhas de 4 anos e vive em Almada!
Fiz-lhe algumas perguntas para que ela possa partilhar connosco as suas experiências como mãe e, em particular, como mãe de gémeos.
Obrigada à Sofia pela simpatia e por ter aceite o meu desafio!
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Aos Pares: O que é para ti ser mãe?
ST: Um desafio. A maternidade não era uma prioridade para mim, aos 35 anos achei que já não ia acontecer.
Hoje, ser mãe é algo que me desafia a ser melhor pessoa, melhor profissional e melhor mulher.
É um desafio mas que me traz todos os dias uma alegria imensa.
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Aos Pares: Qual a tua reacção quando soubeste que eram gémeos?
ST: Eu só “descobri” que estava grávida às 10 semanas. Tinha vindo de uma semana na Neve, onde tinha dado uma queda valente.
Descobri quando fui à minha médica fazer uma eco de despiste, pois estava convencida que o teste que tinha feito mais por causa da insistência de uma amiga estava errado e que tudo não ia passar de um problema “técnico”.
Afinal não existem mesmo falsos positivos. Quando a médica me fez a eco foi claro e visível que eram dois!!!!
Não fiquei em pânico até porque uma das minhas brincadeiras desde muito novinha era dizer que só engravidava se me garantissem que eram gémeos.
Estava escrito.
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Aos Pares: A tua gravidez correu bem? Alguma recomendação para as grávidas?
ST: Aos 35 engravidar de gémeos é como ter o primeiro filho aos 40. Uma gravidez de risco.
Sempre me senti bem, nunca enjoei, dormia perfeitamente.
Ao princípio, foi muito difícil para mim entender se tudo estava bem porque tinha eu de ficar em casa.
Hoje, quando olho para trás, sei que fiz o acertado. Confiança nos profissionais de saúde é o mais importante neste momento.
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Aos Pares: Três coisas indispensáveis na mala de maternidade?
ST:A minha mala foi feita com alguma antecedência, pois ao fim de sete meses achei que a elasticidade da minha barriga não ia aguentar mais.
Levei, no entanto, o essencial.
Um livro, há sempre um momento em que gostamos de achar que a vida anterior ao nascimento ainda existe.
Uma camisa de noite linda de morrer para nos sentirmos ainda mais bonitas.
O telemóvel para estarmos conectados com o mundo.
(tudo o resto estão nas inúmeras listas de maternidade)
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Aos Pares: Com quanto tempo nasceram as gémeas? Parto normal ou cesariana?
ST: Elas nasceram às 37 semanas de parto normal. A MR estava bem posicionada e seria a primeira a sair, a AC estava de pé, mas os médicos entenderam que ela poderia nascer assim com uma pequena ajuda.
Depois da epidural às 12:30h elas nasciam com 14 minutos de diferença às 15:30h.
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Aos Pares: Mudança é uma palavra que uma mãe de gémeos rapidamente apreende. Tiveste que mudar alguma coisa na vossa vida por serem gémeos?
ST: Nós viajávamos muito, quer profissional, quer pessoalmente. Isso teve de ser reduzido.
Tínhamos um quarto de visitas e um “closet” em casa, agora temos um dormitório e uma sala de brincar.
E simplificamos, simplificamos, simplificamos.
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Aos Pares: Quais são as rotinas diárias da tua «média-empresa» familiar?
ST: Ao fim de quatro anos de família a quatro, fomos ajustando as nossas rotinas às das gémeas.
7:00 – Durante a semana é acordar cedo, banho, acordar as miúdas (tarefa muito difícil), vesti-las e deixá-las na escola.
9:00 – Ir trabalhar, e voltar para casa ao final do dia.
17:00 – Temos a sorte de ter encontrado uma pessoa que trabalha cá em casa há dois anos que ficou com elas nos primeiros anos em casa e agora as recebe da escola, dá-lhes banho e o jantar.
20:00 – Quando chegamos já é só brincadeira….
21:30 – Depois Xixi, dentes, historinha e cama.
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Aos Pares: Sentes que ter mais do que um filho da mesma idade traz economias de escala?
ST: Não. Definitivamente não.
É tudo a dobrar e ao mesmo tempo, não dá para guardar e deixar para o mais novo(a).
Aos Pares: Qual o papel do Pai nesta vossa aventura?
ST: Quando descobriu que estávamos grávidos de gémeos o pai ficou em pânico, tínhamos de mudar tudo, a nossa vida ia virar do avesso.
Ele tem gémeos na família e sabia bem o que isso implicava.
Mas desde o primeiro minuto foi um pai exemplar. Muda fraldas, dá banhos, dá de mamar (leitinho da mãe) para a mãe descansar, faz ginástica para as cólicas.
Agora com elas mais crescidas é o príncipe delas.
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Aos Pares: Qual o episódio mais divertido e o mais caricato que tiveste com eles?
ST: Pergunta difícil. Elas são muito divertidas. Mas posso contar uma das últimas.
No verão, estávamos na piscina do hotel, e elas perguntaram-me o que queria dizer um sinal de proibido mergulhar que estava junto à piscina.
Eu expliquei-lhes que sempre que vissem uma roda vermelha com uma risca em cima do desenho queria dizer que era proibido fazer isso.
Umas semanas depois elas deram ao pai 3 desenhos iguais feitos por elas, onde se podia perceber um sinal de proibido fumar.
E disseram que eram autocolantes para serem colocados no carro, na cozinha e em casa da avó para que ele não fuma-se nesses sítios.
O caricato é que nunca tinham ouvido nada sobre o tema, mas que estava claro para elas que o pai não devia fazer aquilo.
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Aos Pares: Qual o maior susto que apanhaste como Mãe?
ST: Não sou uma mãe muito stressada. Mas os sustos maiores são sempre relacionados com perdê-las de vista.
Um dia na praia elas adormeceram e eu deitei-me a ler um livro. Adormeci, quando acordei elas não estavam na tenda (tinha 2 anos) e o tempo entre eu me levantar e entre um mundo de gente vê-las junto à beira de água com o pai pareceu-me uma eternidade.
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Aos Pares: Gostas de vestir as gémeas de igual? Qual a tua loja preferida?
ST: Eu sempre fui de opinião que os gémeos se deviam vestir diferentes. Mas tive duas miúdas muito vaidosas e que não gostam de se vestir diferentes.
Assim sempre que consigo compro igual mas de cores diferentes, senão vai mesmo igual.
Tenho algumas marcas preferidas dependendo do que pretendo vestir.
Lanidor, Metro Kids e Knot são algumas delas.
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Aos Pares: Carrinho de gémeos lado-a-lado ou frente-a-frente?
ST: Ambos. No início tínhamos um frente-a-frente, que foi desde o Ovo até aos 2 anos. Agora usamos um lado-a-lado que anda sempre connosco e já viajou de avião para Paris.
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Aos Pares: Dormir juntos ou separados? O que fizeste?
ST: Até aos 4 meses dormiram lado a lado, depois até aos 6/7 meses de cabeça com cabeça.
Hoje dormem cada uma na sua cama.
Aos Pares: Qual o teu maior desejo e o teu maior medo como mãe?
ST: Pode parecer um lugar-comum, mas desejo que elas sejam mais felizes do que eu. O meu maior medo é não saber lidar em alguma fase da vida delas e que isso possa ter algum impacto negativo na sua personalidade e futuro.
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Aos Pares: Como gostas de passar o teu tempo em família?
ST: Durante a semana temos muito pouco tempo com elas, por isso tentamos que elas estejam connosco em todos os momentos.
Nós gostamos muito de praia, de viajar, música e cinema. E é por aí que vamos aproveitando. Isto até elas terem idade para ir à neve e aí sim vai ser o delírio.
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Aos Pares: És mãe a tempo inteiro ou trabalhas? Como geres o tempo com os teus filhos?
ST: Trabalho a tempo inteiro e por isso tenho muito pouco tempo de qualidade com as minhas filhas durante a semana, mas o que tenho tento passar a 100%.
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Aos Pares: Os filhos dão-nos muitas alegrias, qual a maior que tiveste?
ST: Ouvir que sou a melhor mãe do mundo e que elas gostam muito de mim.
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Aos Pares: Recomendações pós-parto?
ST: Recomendo fazer tudo o que eu não fiz L.
Depois do parto e como amamentei 7 meses consegui reduzir todo o peso que tinha ganho na gravidez.
Mas não tive cuidado nenhum com ginástica e alimentação e ao fim de 6 meses tinha quase tanto peso como no final da gravidez.
Recomendo abdominais hipopressivos (especialmente para quem teve uma distensão abdominal grande).
Uma alimentação equilibrada e muita hidratação (pele e água)
Hoje, quatro anos depois, está a ser mais difícil voltar à forma antiga…
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Aos Pares: Que conselhos dás às futuras mães e futuras mães de gémeos?
ST: Um dia li que num país africano as mães de gémeos são consideradas especiais pois foram escolhidas por duas almas para serem a sua mãe.
Simplifiquem, oiçam o que os outros vos dizem, mas filtrem sempre, o vosso instinto maternal vai dizer-vos o que devem fazer.
Aceitem ajuda e/ou peçam ajuda, não se sintam culpadas por se sentirem cansadas e não estarem a aguentar.
E mais importante de tudo, partilhem este momento com os outros e aproveitem os vossos filhos.
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Aos Pares: Ser mãe de gémeos é…
ST: MARAVILHOSO!
❤️❤️
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