À conversa com a Psicóloga Benedita Moutinho – 2

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À conversa com a Psicóloga Benedita Moutinho – 2

Olá!

Hoje é dia de conversas reais. 🙂
A psicóloga Dra. Benedita Moutinho vai falar sobre “Birras”, um tema que tanta dor de cabeça nos dá e que nos deixa muitas vezes sem saber qual o caminho a seguir.
Eu gostei muito desta partilha e já vou tentar aplicar algumas dicas.

Não quero! Não gosto! Não vou! Não faço!

(Língua de fora, bate o pé, cruza os braços! Grita!)

Mas eu queeeeeeero!

 

Por volta dos 2 anos de idade as crianças começam a querer impor as suas vontades e, numa grande ambivalência entre determinação e medo, independência e insegurança, surgem as ditas birras.

Ou porque querem o brinquedo só para si, ou porque querem sentar-se unicamente naquele lugar, ou porque querem comer de pé ou, pelo contrário, porque não querem ir embora, ou não querem arrumar, ou não querem comer, entre tantas outras que nem variam de criança para criança e sim, apenas, de morada!

A gravidade da birra vai depender da combinação de diferentes factores, como o temperamento da criança, a reacção dos pais ou o contexto envolvente, e não existem respostas simples ou soluções imediatas para cada uma delas. Esta é somente uma fase comum ao desenvolvimento e devemos, enquanto pais, prepararmo-nos com todas as armas possíveis!

O primeiro passo será o autoconhecimento. Somos todos diferentes, com personalidades, características, valores, princípios e limites diferentes. Que tipo de pai serei eu? Já se perguntaram?

Existem (pelo menos) quatro estilos de educação, aos quais poderemos voltar num dos próximos textos: autoritário, permissivo, negligente ou orientador. Cada uma destas posturas parentais rege-se pela combinação entre a capacidade de estabelecer regras e limites e a dimensão da envolvência emocional, o que vai influenciar de maneira diferente o comportamento da criança e a forma como ela interage com os pais. Idealmente devemos ser firmes na exigência, implementando regras e limites claros, justos e adequados e devemos ser, simultaneamente, afectuosos, pacientes e flexíveis, assertivos acima de tudo.

Algumas dicas:

Na Educação, poucas palavras e muita Acção: Não precisamos de nos repetir constantemente. Isto costuma gerar um hábito negativo nas crianças, que sabem perfeitamente que não vai acontecer nada se não obedecerem.

Cumpra sempre o que diz: Manter a palavra é o sinal de autoridade mais elementar. Além disso é a base para construirmos uma relação mútua de confiança, ou eles não nos levarão a sério. Se estivermos bem conscientes de que vamos cumprir o que dissermos, de certeza que mediremos muito mais as nossas palavras.

Não minta: as crianças tornam-se inseguras e confusas e deixam de acreditar nos pais.

Seja coerente: o que não pode, não pode nunca!

Quanto mais gritar, mais eles gritam. Os pais são modelos dos filhos e devem estar conscientes de que a sua atitude é constantemente observada pelas crianças.

Não ceda. A maior parte das vezes, as crianças comportam-se mal simplesmente para chamar a atenção. Outras vezes, fazem-no para testar os pais. Se não cairmos no jogo deles, eles acabam por desistir.

Diga só uma vez. Quanto mais vezes se repete uma ordem, mais autoridade se perde.

Explique sempre os porquês. A única forma de as crianças e os adolescentes, ou até mesmo os adultos, serem livres e não se sentirem enganados, é conhecendo os porquês de tudo aquilo que significa uma obrigação ou uma conduta.

Mostre limites: Quando as crianças têm tudo sem terem de se esforçar para conseguir, podem tornar-se intolerantes à frustração e com propensão à impaciência e insatisfação crónica.

Prémio ou castigo depende da forma como o fazemos. Os elogios pelas boas acções reafirmam a auto-estima e estimulam as crianças. Os castigos devem ser proporcionais à falta e racionalizados. Depois de um castigo, sempre um beijo.

Depois de uma birra, o pedagógico é dialogar com eles sobre o porquê de tal acção. É preferível que este diálogo surja mais tarde algum tempo, minutos, horas ou no dia seguinte, conforme a idade da criança, e não fazê-lo no momento de tensão.

Critique o acto mas nunca a pessoa ou a personalidade dos seus filhos.

Não fique “com pena” se a criança ficar triste, chorar ou se negar a falar consigo, por ter sido responsabilizada. Lembre-se que é para seu bem e que apenas está a ensinar-lhe os valores necessários para que seja uma pessoa feliz no futuro.

Não estabeleça regras diferentes para os seus filhos. Regra geral: o que vale para um vale para todos!

Não se desautorizem enquanto pais. “Se o pai disse é porque tem razão”. (Depois conversam a sós se houver desacordo).

Gostar deles não é suficiente. Precisamos de o mostrar dando carinho e afecto diariamente, criando disponibilidade para brincar com eles e dizendo o quanto gostamos deles.

Algumas estratégias:

  • Dependendo da idade da criança pode ser útil e eficaz criar uma tabela de registo comportamental. Esta tabela pode assumir muitas formas diferentes e divertidas, depende da criatividade de cada família. A ideia é apenas controlar diariamente, ao longo da semana, quais os comportamentos mais ou menos adequados e categoriza-los como positivos (ou felizes) e negativos (ou infelizes). Posteriormente estes comportamentos levarão ao merecimento de um prémio, combinado previamente, ou um castigo. É preferível que os prémios sejam mais pessoais ou sociais (como por exemplo, um passeio de bicicleta, uma ida ao parque infantil, uma refeição preferida) e menos materiais. Os castigos devem ser somente a retirada de um brinquedo, a inibição da televisão, computador ou playstation, o cancelamento de uma actividade programada, etc.

 

  • Utilização do time-out. Seleccionar um espaço neutro, sem distratores e que não seja assustador para a criança. Após um primeiro aviso de que se está a portar mal, e sem muitas explicações, a criança é forçada a distanciar-se por poucos momentos até a birra passar.

 

  • Por vezes a melhor solução passa por ignorar o comportamento desadequado. Devemos procurar ser pessoas sensatas e saber escolher as guerras com os nossos filhos. A ideia não é fazermos braço de ferro, por isso, em determinados momentos, o melhor será mesmo recusar discutir, evitar o contacto ocular, sair de cena e distrairmo-nos com outra tarefa dando pouca atenção à criança até terminar o mau comportamento.

 

A Educação de um filho é um autêntico trabalho. Árduo, cansativo, por vezes doloroso, mas, sem dúvida, muito compensador. Espero que estas ideias sirvam para uma reflexão consciente sobre o nosso papel parental – é o primeiro passo para que corra bem!

Mas lembrem-se que não há receitas simples. Se fizermos o melhor que sabemos e dermos o melhor de nós já estamos a seguir um bom caminho.

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Espero que tenham gostado! <3

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1 Comentários
  • Ana calheiros lobo

    Responder

    Gostei muito :)!

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